FALAS EM TORNO DA IDENTIDADE DE GÊNERO: vivências e preconceitos
O presente projeto, de natureza interdisciplinar, visa a analisar narrativas em torno do tema “identidade de gênero” por meio de depoimentos de alunos universitários que se identifiquem com essa questão. Assim, buscamos examinar os conhecimentos, as concepções e as maneiras de lidar com a temática por aqueles que a vivenciam diariamente, dentro e fora da universidade. O corpus de análise é composto por depoimentos consentidos que elaboram, por meio de perguntas, reflexões sobre sua situação no mundo e suas vivências passadas, com ênfase em questões como auto identidade, descobertas sexuais, relações familiares e amorosas e preconceitos sofridos por conta de sua situação. O ponto de partida teórico está assentado nas obras de autores de diversas áreas que trataram da questão, como Freud, Foucault e Butler, assim como na semiótica de linha francesa, base teórico-metodológica para a análise das falas. Assim, objetiva-se identificar os valores que orientam os discursos dos depoentes, a organização de suas narrativas e os temas e figuras mais recorrentes, além das organizações passionais. Por meio dos discursos dos depoentes, é possível observar significações referentes aos espaços públicos ocupados pela comunidade LGBTTQI+, uma vez que, ao habitar esses locais, eles contemplam uma liberdade do poder ser, sem receios, medos ou limitações, caminhando livremente pelas ruas, sem se preocupar com preconceitos ou discriminações de terceiros. No entanto, ocorre que tal liberdade, enquanto um valor construído pelos discursos, não é concebida de forma moral ou ética, como um contrato social fundamentado no princípio de respeito às diferenças identitárias, mas é sujeitada pelo poder do capital empreendido nesses locais públicos. Assim, trata-se mais de uma liberdade comprada/adquirida em lugares como a Avenida Paulista, a Rua Oscar Freire, a Rua Augusta, entre outros, que são sustentados e geridos pelo capital das pessoas os ocupam, e que, em sua grande maioria, não seguem a heteronormatividade, do que um princípio valorativo ligado a uma ideia quase universal de respeito aos direitos de cada um ser o que se é. Em relação à identidade construída durante o processo desenvolvimental e o contato com o outro compreende-se que a concepção da autoimagem sofre muitas interferências, pois o preconceito e a discriminação que imperam, por exemplo, em instituições particulares de ensino fundamental, refletem diretivamente na maneira como as crianças, inseridas nesses locais, irão se constituir no presente e no futuro. Em relação aos pontos de vista apresentados será possível, então, evocar desdobramentos que envolvam construções/representações raciais, étnicas, sociais, sexuais e de gênero, em um cruzamento de papeis temáticos. Assim, apesar dos resultados parciais, reconhece-se a necessidade de análises mais sistemáticas e aprofundadas, sobretudo com o intuito de relacionar o conteúdo manifesto/latente da fala dos depoentes com a psicanálise e as articulações da significação tal como proposta pela Semiótica.
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País:
Brasil
Temas y ejes de trabajo:
Semióticas de la performatividad
Institución:
Universidade de Franca (UNIFRAN)
Mail:
felipe.stos.sva@gmail.com
Estado del abstract
Estado del abstract:
Accepted