Encontrada morta: lugares e não lugares da mulher.
O presente estudo tem como objetivo analisar a trajetória da construção do discurso midiático ao noticiar casos de feminicídio e violência contra a mulher no Brasil no ano de 2018, especialmente no mês em que se comemorou, no país, os três anos da popularmente denominada “Lei do Feminicídio” – que estabelece as distinções necessárias aos crimes cometidos motivados pela razão do sexo feminino em contraste ao que antes era chamado de “crime passional”. Em um momento politicamente delicado no que toca as políticas voltadas para a mulher e para a violência contra a mulher no Brasil, cabe a nós compreender como, midiaticamente, o assunto vem sendo tratado. De modo que a partir do levantamento e sistematização das matérias publicadas nos jornais nacionais de grande circulação Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo que noticiaram casos do tipo ocorridos no Brasil e publicados fora das sessões de “opinião” do jornal, será feita uma análise sincrética das matérias em questão com o intuito de compreender a concepção das distinções entre os papéis femininos e masculinos nas narrativas das violências, bem como as temáticas e valores presentificados nos discursos midiáticos a esse respeito. Para isso, considerou-se todo e qualquer assassinato realizado contra mulheres noticiado durante o período e a tratativa dada pelos enunciadores mencionados, destrinchando também o uso específico do termo “feminicídio” ou de sua ausência. A presente pesquisa parte das seguintes hipóteses a serem investigadas neste artigo: (i) a construção do discurso no qual se trata os casos de violência contra a mulher tende a culpabilizá- las indiretamente ou diretamente pelos crimes; (ii) nos mesmos casos, há uma tentativa de “inocentar” ou “neutralizar” as responsabilidades masculinas; (iii) o discurso midiático nutre a percepção dos valores de insegurança e perigo tanto nos espaços público quanto privado, restringindo simbolicamente o espaço de pertencimento da mulher à sociedade. Para o desenvolvimento desta análise se fará uso do aporte teórico da semiótica greimasiana e semiótica plástica e sincrética de Jean-Marie Floch e Ana Claudia de Oliveira.
País:
Brasil
Temas y ejes de trabajo:
Semióticas de los discursos doxológicos (político, religioso, periodístico)
Semiótica de las mediatizaciones
Institución:
PUC-SP (CPS)
Mail:
na.boanova@gmail.com
Estado del abstract
Estado del abstract:
Accepted