Circulação da semiose radiofônica: a dinamização de circuitos interacionais
Compreendemos que o conceito de contrato de leitura, formulado por Eliseo Verón na década de 80 do século passado, não dá mais conta de abarcar a complexidade dos fenômenos de circulação discursiva, pois é necessário olhar para os circuitos interacionais (Braga, 2017) na ambiência comunicacional contemporânea.
Entretanto, Verón (2013, p.293) já chamava a atenção sobre o fato de que as relações entre produção e reconhecimento são complexas e denotam “a não linearidade da circulação da semiose”. Fausto Neto (2016, p.72) defende que a relação entre esses polos “prenunciaria a natureza da circulação como fonte de complexidade”. Para o autor, num contexto de midiatização da sociedade, há emergência de processos circulatórios, os quais se organizam por meio de dinâmicas e processualidades complexas.
Diante disso, esta pesquisa pretende analisar os modos através dos quais se constitui a circulação da semiose radiofônica. Para tanto, a partir da escuta de programas radiofônicos, elegeu-se para observação o Timeline da Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, por compreender que a estrutura do programa e suas lógicas de funcionamento dinamizam e possibilitam a construção de circuitos comunicacionais.
Para dar conta dessa reflexão, do ponto de vista metodológico, descreve-se as dinâmicas interacionais - por meio de análise de marcas discursivas (Verón, 2004; 2013) do processo de circulação midiático. Para isso, constituiu-se um corpo de textos retirados dos perfis do programa radiofônico e dos apresentadores no Facebook, além de comentários dos participantes nesse ambiente. Também foram feitas observações in loco e realizadas entrevistas com jornalistas apresentadores e produtores do programa Timeline. Avalia-se que todos os materiais observáveis são signos, pois trata-se de “observação de configurações materiais de signos, que são fragmentos da semiose”, seja ela mediatizada ou não, como destaca Verón (2013, p.404). E o autor acrescenta: “essas configurações de signos são superfícies discursivas híbridas, no sentido de que não podem ser homogêneas nem diretamente reconhecíveis” (VERÓN, 2013, p.404). Nesse contexto, o trabalho dos observadores é fundamental para a construção do conhecimento e é essa proposta da reflexão: mostrar a mecânica da complexidade da semiose da circulação radiofônica.
Referências:
BRAGA, J. L. Circuitos de Comunicação. In: BRAGA, José Luiz; CALAZANS, Regina (org.). Matrizes Interacionais: A Comunicação Constrói a Sociedade, vol.2. Campina Grande: EDUEPB, 2017.
_____. La política de los internautas es producir circuitos. In: CARLÓN, Mario; FAUSTO NETO, Antonio (Org.) Las políticas de los internautas. Buenos Aires: Editora La Crujia, 2011.
FAUSTO NETO, A. Da convergência/divergência à interpenetração. In: MIÉGE, Bernard et al. Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo. Santa Maria: FACOS UFSM, 2016.
VERÓN, E. Fragmentos de um tecido. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2004.
______. La Semiosis Social 2: Ideas, momentos, interpretantes. 1º ed. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Paidós, 2013.
País:
Brasil
Temas y ejes de trabajo:
Semiótica de las mediatizaciones
Transposiciones y fenómenos transmediáticos
Institución:
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Mail:
maiconeliask@gmail.com
Estado del abstract
Estado del abstract:
Accepted