Semelhante à tendência mundial, a televisão no Brasil tem priorizado a fala de si, em detrimento da fala do mundo, o que acarreta uma verdadeira inversão de papéis: de “janela para o mundo”, ela tem-se transformado em “janela do próprio mundo”. A consequência natural desse extravasamento é a espetacularização do fazer televisual e popularização da promocionalidade como base fundadora de todo seu fazer. Essa prática de “contar”, centrada na explicitação de vantagens, benefícios, facilidades da sua ação, não só transforma a notícia, a informação, a programação em verdadeira mercadoria, como reitera a ação do consumo como a grande força do mundo contemporâneo. Sua característica primordial é o caráter mercadológico que instiga o processo de troca, beneficiando financeiramente os anunciantes e garantindo a sustentabilidade dos negócios que representam. No plano estratégico, esses textos são marcados pelo tensionamento entre o eixo comercial, voltado à explicitação de vantagens, qualidades, benefícios de produtos, marcas, pessoas, serviços; e o eixo simbólico, representado na construção metafórica, no jogo de palavras/imagens, na exploração da fantasia, com a função de conferir sentidos possíveis à coisa referida. Com base nessas considerações preliminares, este trabalho propõe-se a refletir sobre as novas e distintas configurações assumidas por esse tipo de discurso que hoje extrapola os espaços televisuais e contamina as redes sociais, com a mesma intensidade e influência. Nesse movimento, busca articular a concretude das condições políticas, econômicas, sociais e culturais que emolduram esse tipo de produção, o pacto comunicativo firmado entre produtores e receptores; as relações desse texto com seu paradigma e com outros textos que lhe precedem ou sucedem na cadeia; e, por fim, as articulações presentes na esfera intradiscursiva.