Esta proposta faz parte dos movimentos de pesquisa de uma investigação acerca das estratégias discursivas de aproximação dos leitores adotadas por três jornais regionais gaúchos para garantir a preservação no mercado. Na instância inicial da investigação, foram trilhados caminhos para conhecer esse jornal regional: um sujeito discursivo – objeto empírico técnico, social e semiológico – envolto e envolvido por uma série de complexidades que caracterizam sua existência como tal: ele ocupa vários lugares ou posições no discurso por meio das distintas enunciações que propaga ou por meio dos enunciadores diferentes que convida à cena; como sujeito múltiplo, coloca-se no discurso de maneiras distintas conforme seus objetivos; cercado por um feixe de relações estabelecidas pelos sujeitos a sua volta, constrói seu discurso considerando esse relacionamento com leitores, anunciantes, apoiadores, fontes e colaboradores jornalistas. Em um passo adiante, buscou-se definir os espaços públicos onde atua: o jornal regional pesquisado corresponde a um veículo de comunicação que elege múltiplos territórios para ocupar e circular, observando a organização e articulação sistêmica dos seus modelos de negócio e de gestão para estabelecer a sua regionalização midiática , ou seja, os espaços que vai ocupar em função de seus interesses. Em um terceiro movimento, problematizou-se o contexto de midiatização onde o jornal regional está inserido e onde atua como sistema redutor de complexidade. Em um momento em que passa por uma busca incessante pela preservação, é possível afirmar, a partir dos pressupostos e conceitos centrais de Luhmann , que o jornal regional funciona como sistema social autopoiético (com capacidade própria de se sustentar) e operacionalmente fechado (diferencia-se dos demais e se autofortifica com a complexidade que gera a partir de suas operações). Ao oferecer conteúdo jornalístico aos leitores, busca atuar como redutor da complexidade do mundo. O jornal simplifica a complexidade da realidade vivenciada por meio das notícias que divulga, mas, para retratá-la, ao reproduzir as próprias operações internas, incrementa uma complexidade peculiar ao sistema midiático. Para entender como esse jornal se inseriu nesse cenário de crescente midiatização, a investigação ingressou em mais um movimento buscando as processualidades históricas que envolveram a profissão e suas práticas: dedicou-se a compreender a formação do sistema jornalístico e a influência do paradigma funcionalista que o levou ao auge. O jornalismo que pregava a mera reprodução dos acontecimentos para os sistemas sociais, usando estratégias de objetividade e de imparcialidade para fortificar o sistema, volta-se para operações do próprio sistema (autorreferencialidade), buscando a diferenciação e, por consequência, a própria sobrevivência. Por fim, nessa proposta, volta-se, agora, mais diretamente à problemática da pesquisa: como os jornais regionais gaúchos desenvolvem estratégias discursivas para se aproximar dos seus leitores em um momento de busca de preservação no mercado? Baseado em estudo de caso múltiplo , de caráter exploratório, com observação simples em sites de três jornais regionais do Rio Grande do Sul - a Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul, Pioneiro, de Caxias do Sul e Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, este artigo analisa a primeira tentativa de vínculo enunciada no nome do jornal e nos slogans adotados: por meio de análise do contrato de leitura (Verón, 2004, 2013). O contrato de leitura se apresenta como redutor de complexidade no desafio de garantir a sobrevivência desses sistemas sociais e de um jornalismo de qualidade. Nesse contexto, o nome do jornal se constitui no primeiro enunciado ofertado, numa primeira tentativa de construção de vínculos.