A RELAÇÃO DO OBSERVADOR COM AS IMAGENS DO FOTOJORNALISMO NA REDE SOCIAL TWITTER

Vive-se em um mundo repleto de imagens, e entender os processos que envolvem a produção e uso das mesmas nos leva a deduzir que elas têm algo muito mais significativo que sua representação inicial. Esta pesquisa tem como objetivo entender o modo de aproximação, envolvimento e expressão do observador diante da imagem fotográfica, buscando compreender como este apropria-se de produções do fotojornalismo, especialmente na rede social Twitter. Na área do fotojornalismo, especialmente, a imagem não transmite apenas cenas e acontecimentos. Conforme Souza ( 2004: 9): “a fotografia jornalística mostra, revela, expõe, denuncia, opina”, ela consegue mostrar fatos distantes e abrir os olhos do espectador para causas sociais importantes. Mas cada fotógrafo interpreta o mundo de diferentes maneiras. A fotografia é sempre uma interpretação ( Kossoy: 2001), que aos olhos do outro pode ser lida de outra forma, especialmente quando pensamos em imagens de guerra. Instabilidades políticas e conflitos internos, como a Guerra da Síria, acabaram gerando crimes de violência e atrocidades, que a cada dia resultam em mais e mais refugiados. A propagação de notícias e tragédias incluindo refugiados fez do Twitter uma ferramenta de expressão e revolta, envolvendo atores sociais conectados, debatendo e produzindo informação, sem qualquer obstáculo. Isso gera uma apropriação por parte destes espectadores de imagens, que conseguem tornar uma fotografia ainda mais relevante a partir de algo que vai além do que é mostrado. Envolve o que Barthes define como punctum: algo subjetivo, relativo, que varia pelo interesse de quem olha a fotografia. “[...] é o que acrescento à foto e que, todavia já está nela” (Barthes: 2015: 52). Na fotografia do menino Aylan Kurdi, encontrado morto em uma praia da Turquia em 2015, é possível dizer que existe algo subjetivo na imagem, algo a mais que o óbvio. “As intenções do fotógrafo não determinam o significado da foto, que seguirá seu próprio curso, ao sabor dos caprichos e das lealdades das diversas comunidades que dela fizerem uso” (Sontag: 2003,: 36), ou seja, o fotógrafo não consegue controlar e nem mesmo pode prever os significados e usos que darão às suas fotografias. A partir de trocas sociais no Twittter, de conversações públicas coletivas semeia-se e espalha-se novos significados relacionados à fotografia de Aylan Kurdi. A fotografia é recortada, comentada, vira grafite pelas cidades, é ilustração, é charge...o menino parte agora para uma nova forma de divulgação. É signo/ símbolo envolvendo de forma intensa o spectator, figura proposta por Barthes ( 2015), a partir de conversações em rede. Assim, de certa forma, as redes sociais atuam de forma complementar e colaborativa em relação ao jornalismo on line (Recuero: 2009), com um desempenho dinâmico da área da recepção, que renova e faz novas leituras do que é produzido no âmbito do fotojornalismo. Referências: BARTHES, Roland. A Câmara Clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. (Coleção 50 anos). KOSSOY, Boris. Fotografia e História. 2. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. SONTAG, Susan. Diante da dor dos outros. São Paulo: Cia. das Letras, 2003. SOUZA, Jorge Pedro. Fotojornalismo: Introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004.
País: 
Brazil
Tema e machados: 
Semióticas dos discursos doxológicos (politico, religioso, jornalístico)
Semiótica das mediatizações
Instituição: 
UCS- Universidade de Caxias do Sul
Mail: 
iasilva@ucs.br

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Bárbara Bassanesi

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