Em nossa sociedade, a aparência e a forma de se expressar visualmente contam muito para um pleno relacionamento social, definindo círculos de amizade, cargos profissionais e até mesmo o nível social. O sistema de lançamento de tendências no universo da moda segue uma linearidade oscilatória que dita o que deve ou não ser seguido por determinado público em uma época dada. Para as pessoas com deficiência, que historicamente sempre foram marginalizadas do convívio social, a moda ressignifica-se, constituindo uma possibilidade de quebra de barreiras e um meio hábil para a inclusão. Nos últimos anos, a participação desse grupo de pessoas em campanhas de publicidade ocorreu de forma exponencial, e esteve ligada principalmente, ao aumento de sua presença em mídias tradicionais, como jornal e televisão. O ramo específico denominado “moda inclusiva” abrangeu um espaço e uma atenção singulares que até há alguns anos não se tinha notícia. O modo como o corpo da pessoa com deficiência é abordado pela mídia realmente contribui para a sua inclusão e autoestima? Ou esse discurso acaba por cair no campo do mero assistencialismo? O presente trabalho pretende avaliar estas questões sob a ótica da semiótica discursiva de linha francesa, elaborada por Algirdas Julien Greimas e colaboradores. Em particular, trabalharemos com os regimes de interação da sociossemiótica desenvolvida por Eric Landowski, para entender como funciona a relação entre uma identidade predominante e as alteridades minoritárias no universo da moda. Assim, pretende-se compreender o papel das pessoas com deficiência no sistema da moda, isto é, a forma como são inseridas ou retratadas na mídia e na publicidade. A análise baseia-se em produções de discursos mais verbais e não verbais, como projetos audiovisuais, imagens e reportagens veiculadas na mídia, em que há a aproximação entre o corpo do usuário com deficiência e o discurso veiculado pela moda inclusiva nos meios de comunicação.