Desde que a semiótica discursiva ampliou seus estudos para os textos não verbais a teoria vem se valendo de muitos conceitos das semióticas plástica, visual e da semiótica das práticas, visto que o objeto suporte e a prática, no caso, passam a desenvolver um papel de extrema relevância para o analista. A questão é que o gênero será outra perspectiva que não poderá ser descartada. Estamos diante de um texto, regido por uma prática, no caso a editorial e a didática, inscrito em um objeto suporte e que obedece às regras próprias desse gênero. O trabalho proposto objetiva analisar a capa de um material didático e, dessa forma, comprovar como o avanço da teoria está cada vez mais abrangente e, ao mesmo tempo, cauteloso ao analisar textos dessa natureza. O livro em questão será o paradidático intitulado “O poeta que fingia”, de Álvaro Cardoso Gomes. A obra retrata para alunos do Ensino Fundamental vida e obra do poeta Fernando Pessoa, dialogando com um interlocutor fictício. A capa ilustrada, no caso, pertence a um subgênero, se assim podemos dizer, que tem seu valor refletido aos alunos a fim de os atraírem para a narrativa. Portanto, o nosso objetivo é analisar como o aproveitamento do suporte e do gênero configuram o próprio objetivo do editor livreiro. Nossa hipótese é a de que, ao elegermos o nível de pertinência das práticas semióticas para a análise, conforme as propostas de Jacques Fontanille, poderemos descrever e analisar como se relacionam os projetos didático, científico-crítico e editorial na obra. Contaremos com os conceitos teóricos da proposta de Jacques Fontanille, com modelo standard de análise do percurso gerativo do sentido, de Algirdas Julien Greimas, com os estudos de Gérard Genette no que concerne às questões sobre os paratextos editoriais, nas suas formas peritextuais e epitextuais, verbais e não-verbais e as questões genéricas refletidas por Jean Cristtus Portela e Matheus Nogueira Schwartzmann.