Mercados: lugares da ressignificação dos locais públicos às práticas estritamente privadas

O objetivo desse trabalho é tecer uma análise crítica das diversas transformações por que passam os mercados de diferentes cidades do Brasil e de outros países e questionar o modelo e o gosto globais que parece se delinear em torno desses sujeitos comerciais e urbanos. Utilizando a Sociossemiótica como premissa teórica, será possível mapear as trajetórias de interações e sentidos que reescrevem esses locais nas cidades em que estão e dão a ver um fenômeno maior, que ultrapassa as noções locais e alcançam os níveis globais de alteração das práticas de vida e da circulação de valores. Em que se transformam esses mercados, quais os gostos, locais e globais, que emergem dessas mudanças e quais os sentidos que esses processos aportam serão então o foco deste trabalho. Os mercados públicos carregam a vida de trocas sócio-econômicas-culturais das cidades. A arquitetura da época em que foram estabelecidos e a urbanização da área de outros tempos muito impactam para que essas centralidades sejam tomadas no contemporâneo muito mais como locais de lazer e não apenas de abastecimento, conforme eram em suas origens. Esse processo ocorre frequentemente por meio da inserção de práticas gastronômicas, não raro acompanhadas de alterações plásticas na configuração espacial do local. O comércio vai do consumo do suprimento à experiência de consumir no próprio lugar por meio de serviços especializados e altamente valorizados nos contextos sociais correntes. Como isso ocorre e a intensidade com que os novos comércios ocupam essas instituições, a princípio públicas, são aspectos que chamam a atenção e passam a ser considerados na busca de entendimento do que de fato se transforma nas práticas de vida, nas práticas interacionais do lugar específico, na região e na cidade, e também para os sujeitos que os frequentam, em suas interações inteligíveis e sensíveis. Em maior ou menor grau, esses mercados parecem se recolocar, se reescrever, de maneira a se recolocar nas práticas urbanas dos municípios em que estão. Eles vão do esquecimento à reinserção na cartografia de destinos para estar e visitar, como locais que agora também são entretenimento e desfrute, que fazem parte de um gosto ligado à gastronomia internacional. A recorrência da maneira como são reorganizados e as consequentes interações que elas favorecem se mostram regulares o suficiente para traçar análises que aproximem cidades que, a princípio, funcionam de maneira completamente diferente, em regiões e países também diversos. Fazem parte dessa amostra nove mercados públicos transformados do Brasil, Portugal e Itália: Mercado Municipal de São Paulo, Mercado Municipal de Pinheiros, Mercado Central de Belo Horizonte, Mercado Público de Florianópolis, Mercato Centrale de Roma e de Florença, Mercato di Mezzo e Mercato delle Erbe em Bolonha, Mercado da Ribeira em Lisboa. Nesse contexto, se somam ainda à amostra a análise dos casos dos “mercados que nunca foram mercados”: Mercado da Boca e o Mercado Grano, no Jardim Canadá, em Nova Lima-MG. Este trabalho faz parte do subtema "Estesia e gosto".
Pays: 
Brésil
Thème et axes: 
Sémiotique et Anthropologie
Sémiotiques des discours doxologiques (politique, religieux, journalistique)
Institution: 
Centro de Pesquisas Sociossemióticas (CPS) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Mail: 
grazi.f.rodrigues@gmail.com

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Estado del abstract: 
Accepted
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