Os modos de presença e interação nos shopping centers de São Paulo

Este trabalho tem como objetivo traçar uma cartografia de sentidos da metrópole de São Paulo no contexto do consumo e interações nos shopping centers da cidade. Os trabalhos desenvolvidos entre 2010 e 2016 no âmbito do projeto temático (FAPESP) sobre essa capital dão conta de um modo de consumir e dos valores operados por esses estabelecimentos nessa cidade. A principal hipótese trabalhada ao longo da pesquisa foi que esses espaços presentificam em seus enunciados proposições de relações que dão a ver diferentes formas de sociabilidades, típicas dos modos de viver e consumir paulistanos. Com base na teoria sociossemiótica, que aqui comparece como metodologia e arcabouço teórico, tomamos como objeto de análise as configurações de relações intersubjetivas entre sujeitos, espaços de consumo e seus entornos. Nelas, estudamos a construção de diferentes modos e estilos de vida que, uma vez colocados em prática, constituem identidades que caracterizam a cidade. A partir disso foi possível mapear como estas relações entre os espaços pesquisados e seus respectivos sujeitos-frequentadores se desenvolvem de maneira a construir uma tipologia dos modos de presença do consumo nos shopping centers da cidade. Os primeiros trabalhos iniciados em 2010 trataram da análise das interações intersubjetivas mapeadas nos Shoppings Cidade Jardim e Metrô Tatuapé. Em seguida partimos para a construção de uma cartografia de sentidos dos 45 shoppings da cidade (2010-11). Tal mapeamento permitiu a exploração e identificação de tipologias dos shoppings e das interações neles estabelecidas, de modo a agrupá-los em quatro dos tipos mais significativos e presentes, utilizando como referência o modelo de consumo de Jean-Marie Floch (1989) e os regimes de interação e sentido de Eric Landowski (1992). Para traçar uma cartografia de sentidos produzidos foi preciso tanto descrever os programas narrativos que as comportam quanto compreender os sentidos que fazem do consumo em São Paulo uma vitrina metropolitana para o Brasil e para o mundo. A partir disso elegeu-se um exemplar emblemático para cada uma das tipologias. Emblemáticos quanto aos modos e estilos de vida de um tipo de consumo proposto por estes centros comerciais urbanos, tomados como textos capazes de narrativizar valores sociais contemporâneos. Após essa primeira fase de definição de tipologias e análises, foram incluídos outros dois casos ao corpus, já que novos estabelecimentos foram seguem sendo inaugurados nos anos seguintes. O JK Iguatemi surge em 2012 e traz questionamentos até então inéditos na maneira como se coloca na cidade e nos tipos de interação que produz. Em 2015 é inaugurado o shopping Cidade São Paulo na icônica Avenida Paulista e traz também aprendizados sobre a produção de sentido de um estabelecimento desse porte em um local de tamanha visibilidade. As perguntas que voltamos a fazer e que continuam nos instigando são: que modos de consumir e viver são esses que se dão dentro e ao redor dos famigerados shopping centers paulistanos? Como isso colabora para o viver e ser paulistano? E, por fim, atualizando também algumas abordagens: quais valores esses empreendimentos mais recentes aportam em uma cidade em que o shopping é popularmente conhecido como “praia de paulista”, mas simultaneamente tem-se um momento de revalorização da ocupação das ruas e dos espaços públicos? Essas são algumas questões que seguem pautando essa pesquisa que neste ano cumprirá oito anos de questionamentos sobre a megalópole brasileira e ainda rende aprendizados importantes ao se consolidar como estudo multidisciplinar. Este trabalho faz parte do subtema "Semiótica da cidade".
Pays: 
Brésil
Thème et axes: 
Sémiotique et Anthropologie
Sémiotiques des discours doxologiques (politique, religieux, journalistique)
Institution: 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - Centro de Pesquisas Sociossemióticas (CPS)
Mail: 
grazi.f.rodrigues@gmail.com

Estado del abstract

Estado del abstract: 
Accepted
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